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segunda-feira, 30 de junho de 2014

TRINTA E CINCO FRASES SOBRE ESPORTE



– O futebol é o ópio do povo e o narcotráfico da mídia. (Millôr Fernandes)

– Esportes não formam o caráter. Revelam-no. (Heywood Braun)

– Se você não praticar esportes, você não têm a mínima chance de fazer comerciais de cerveja. (Bill Watterson)

– Quem não espera vencer, já está vencido. (José de Alencar)

– O esporte é a alta cultura dos sem-imaginação, que são 3/4 da humanidade. (Paulo Francis)

– A vitória tem centenas de pais, enquanto a derrota é órfã. (John F. Kennedy)

– Devemos nos lembrar que a essência do esporte não está na marca ou no escore, mas nos esforços e na habilidade despendida para atingi-los. (Jigoro Kano)

– Muitas vezes é a falta de caráter que decide uma partida. Não se faz literatura, política e futebol com bons sentimentos... (Nelson Rodrigues)

– No Xadrez, como na vida, o adversário mais perigoso é você mesmo. (Vassily Smislov)

– Sempre leio primeiro a página de esportes, que registra os triunfos das pessoas. A primeira página não me diz nada além dos fracassos do homem. (Earl Warren)

– O esporte é uma guerra sem armas. (George Orwell)

– Ser o número dois do mundo é uma merda. (Andre Agassi)

– Como as nossas paixões pelos esportes são tão profundas e tão amplamente distribuídas, é provável que façam parte de nosso hardware - não estão em nossos cérebros, mas em nossos genes. (Carl Sagan)

– O esporte é a única profissão que eu conheço que, quando você se aposenta, é necessário começar a trabalhar. (Earl Warren)

– Eu errei mais de 9000 arremessos na minha carreira. Perdi quase 300 jogos. Em 26 vezes, confiaram em mim pra fazer a cesta da vitória, e eu errei. Eu falhei uma vez, de novo, e outra vez na minha vida. E é por isso que eu obtive sucesso. (Michael Jordan)

– Futebol é muito simples: quem tem a bola ataca; quem não tem defende. (Neném Prancha)

– Os esportes são a seção de brinquedos da vida. (Howard Cosell)

– Conheço um meio para voltarmos a encontrar a fraternidade com os animais: o esporte. (Hippolyte Jean Giraudoux)

 – O esporte é o esperanto dos povos. (Hippolyte Jean Giraudoux)

– O esporte é importante para modernizar nossa visão de mundo, porque socializa a gente, na derrota e na vitória. (Roberto da Matta)

– Sexo é o único esporte que não é cancelado quando falta luz. (Laurence J. Peters)

– Aprendi isto sobre treinar: você não é obrigado a explicar a vitória e você não pode explicar a derrota. (Darrel Royal)

– O desporto é o único meio de conservar no homem as qualidades do homem primitivo. (Hippolyte Jean Giraudoux)

– Tênis é um esporte psicológico. Você precisa manter a cabeça limpa. Foi por isso qiue parei de jogar. (Boris Becker)

– O Brasil ficou entre os oito melhores do mundo no futebol e ficou triste. É 85º em educação e não há tristeza. (Cristóvam Buarque)

 – Passei por coisas muito piores na vida. Para mim, uma partida de tênis é coisa fácil de enfrentar. (Jelena Dokic)

– O bom jogador sempre tem sorte. (José Raul Capablanca)

– O tênis não é a minha vida, mas sim a minha carreira. Jogar tênis é o que tenho feito desde criança e, obviamente, é assim que ganho dinheiro. Mas não é a minha vida, digo isso com segurança. Há coisas muito mais importantes, como a família e a saúde. O tênis ocupa o final desta lista. (Maria Sharapova)

– Apenas as derrotas proporcionaram ao homem a sua plena força de ataque. (Stefan Zweig)

– Uma equipe sem líder é como um barco sem bússola; vaga ao sabor das ondas e dos ventos descreve círculos e não chega ao seu destino. (John Wooden)

– A arte de vencer, aprende-se nas derrotas. (Moacyr Daiuto)

 – É o espírito que trazemos para a luta, que decide o resultado. (George Marshall)

– No xadrez, o vencedor é quem comete o penúltimo erro. (Saviely Tartakower).

– Passei toda a minha vida tentando ficar longe dos esportes e aqui estou – em uma arena esportiva. (Kurt Cobain)

– Se concentração ganhasse jogo, o time da penitenciária não perdia uma. (Neném Prancha)


segunda-feira, 23 de junho de 2014

A BIBLIOTECÁRIA



Uma ambição significativa do realismo literário contemporâneo reside na combinação de um enredo verossímil com descrições sexuais que – além de manifestarem um elemento essencial da vida social – não possam ser confundidas com a imaturidade adolescente. Infelizmente, salvo engano, a prática desmente a possibilidade de sucesso dessa ideia. Muitos são os obstáculos. São poucos os escritores que conseguem resistir aos prazeres proporcionados pelo sucesso econômico e publicitário. Prevalece o mais fácil – que em 80% dos casos significa preguiça, ausência de técnica e falta de criatividade.

De forma surpreendente, quase escandalosa, sem levar em consideração que a modernidade está saturada por imagens sexuais, diversas editoras brasileiras, preocupadas com as finanças, estão apostando em satisfazer os apetites dos apreciadores do nicho denominado mommy porn (pornô para mães). São tantas as publicações similares – quase todas traduzidas – que se torna difícil distinguir se algumas delas possuem algum componente estético ou literário relevante.

O romance A Bibliotecária, de Logan Belle (pseudônimo de Jamie Brenner), aposta suas fichas em um enredo que se parece ter sido copiado da trilogia Cinquenta Tons, escrita por Erika Leonard James. Poucas são as diferenças, muitas as similaridades. Se não fosse a mudança de cenário e alguns outros detalhes, poderia ser considerado como um plágio escancarado.

Biblioteca Pública de Nova Iorque
Regina Finch, virgem, quase inexperiente nas brincadeiras entre homens e mulheres, depois de terminar um mestrado em biblioteconomia e ciência da informação, consegue o emprego de seus sonhos na Biblioteca Pública de Nova Iorque (localizada na Quinta Avenida).

A história da jovem que compensa as carências afetivas manipulando volumes empoeirados modifica-se no dia em que, explorando o local de trabalho, entra na sala Barnes – que abriga uma coleção fora do alcance dos visitantes. Ao abrir a porta, vê uma cena digna dos romances pornográficos do século XVII. Abalada, se retira rapidamente. Antes, permite que o homem perceba a presença da voyeur.

O que se segue é previsível – inclusive a abundância de diálogos superficiais, que fornecem volume para uma narrativa que não possui densidade suficiente para preencher cinco páginas. O multimilionário Sebastian Barnes, presidente do Young Lions, um conselho que arrecada fundos para a Biblioteca, rapidamente seduz a bibliotecária – que revela grande imaturidade emocional. Ao entregar o coração e o corpo ao Casanova extemporâneo, Regina transforma-se em objeto sexual. Ou melhor, em um simulacro de Bettie Page. O sujeito tem um fetiche pela modelo estadunidense da década de 50, famosa por suas fotos como pin-up.

Bettie Page
O enredo da narrativa, que era praticamente inexistente, se dilui na sequência de várias cenas de sexo selvagem. Acontece de tudo – felação, cunnilingus, sexo vaginal, sodomia. Os livros, depositados nas estantes da Biblioteca, se transformam em testemunhas silenciosas de algumas dessas folias.

Sebastian, que em público parece ser inofensivo, em particular amplia o prazer sexual dominando as mulheres com doses de sadismo leve (mas não muito). Entre outros divertimentos, obriga Regina a usar plugues anais. Quando é desobedecido, não se constrange em marcar a pele da mulher com o chicote. Como compensação, ao permitir esses abusos, ela recebe em troca fantásticos orgasmos e alguns presentes (roupas, joias e uma coleira – símbolo de que o corpo da fêmea pertence ao macho).

O happy end, que nesse tipo de texto significa uma relação estável e exclusiva, ocorre de forma natural. Praticamente uma confirmação do princípio hedonista masculino que transforma os corpos femininos em parque de diversão. 

Trocando em miúdos: manter distância de A Bibliotecária é uma atitude saudável.

terça-feira, 17 de junho de 2014

MEU DUELO COM SOFIO



Não pretendia ler Meu Duelo com Sofio e Outros Contos, escrito por Tito Ryff. Aliás, sequer tinha conhecimento de sua existência. Outro dia, pesquisando – na Estante Virtual, que considero uma espécie de Disneylândia dos bibliófilos – alguns temas que me interessam, encontrei o volume. Edição de 1999. Preço irrisório. Encomendei um exemplar.

Composto por cinco contos, Meu Duelo com Sofio e Outros Contos, é, de forma singular, boa diversão. Sem se esconder atrás de firulas narrativas, o livro está escorado na mais singular das pretensões literárias: contar um punhado de histórias engraçadas.

No conto homônimo ao título, o romance entre o narrador e Mônica parecia destinado ao paraíso amoroso e sexual. Parecia. No meio do caminho surge um gato. Inicialmente identificado como fêmea, o felino foi batizado com o nome de Sofia, homenagem a uma avó de Mônica, recém-falecida. Desfeito o engano, para não alterar a ordem do mundo, a dona mudou apenas a vogal final. Ficou Sofio.

O gato, que tinha sido abandonado na rua, foi recolhido por Mônica em uma madrugada em que ela chegou em casa bêbada. O vínculo entre o animal e a mulher se solidificou com o tempo. Então, em qualquer situação em que esteja envolvido Sofio, a atenção de Mônica se dirige a ele. Anestesiada pelo amor que sente pelo animal, não percebe as nuances que acontecem ao redor e que, de uma forma ou de outra, começam a sabotar o namoro. Por exemplo, o felino tenta impedir a entrada do namorado no apartamento, arranha com as garras a porta do quarto naqueles momentos em que o silêncio é interrompido pelo resfolegar de nossas respirações e alguns gemidos. Mesmo nos momento em que Sofio caça pombas e tenta almoçá-las no meio da sala, essa transgressão comportamental e alimentar é vista pela dona do felino como uma pequena falta, coisa de criança.

Com o passar do tempo, o gato adquire características antropomórficas – e pouco importa se isso é verdade ou fruto da imaginação do narrador. Contra esse tipo de inimigo nenhuma arma é excessiva. Não há limites. Vale tudo – e esse “tudo” é tudo mesmo, inclusive...

As outras histórias, embora tenham suas qualidades especificas, não fazem a mínima sombra para Meu Duelo com Sofio e podem, sem qualquer tipo de constrangimento, serem considerados como “bônus”. De qualquer forma, A Espera tem algum charme; Três Amigos e uma História acrescenta humor ao universo masculino – eternamente povoado por mulheres inacessíveis; À Cata de Novos Filiados tangencia o “jeitinho” brasileiro em terras estrangeiras. Um pouco mais elaborado é Um Filho de Loulé, texto que consegue captar – com precisão – o desamparo que existe entre as gerações. Diante do filho que saiu de casa muito cedo, o pai não consegue reconhecer o mundo que os cerca, não consegue entender o que se rompeu. A solidão não é a companhia que ele escolheu para os dias que lhe restam.

Depois que terminei a leitura e emparedei o exemplar na estante, fiquei um instante a vê-lo desaparecer no meio dos outros livros. Como o show precisa continuar, cabe enfrentar o próximo desafio, a próxima leitura.

Ah, tenho pensado em comprar outros exemplares de Meu Duelo com Sofio e Outros Contos – para presentear amigos e amigas que gostam de gatos.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

DAS PAREDES, MEU AMOR, OS ESCRAVOS NOS CONTEMPLAM



A literatura alimenta o leitor com pequenos prazeres. Os melhores são inesperados. Desafortunadamente, com o avanço das técnicas narrativas e a falta de imaginação de alguns escritores e editores, essas surpresas se tornaram raras. A pasteurização da linguagem e dos temas literários rebaixou a criatividade narrativa. Histórias que não se enquadram no padrão instituído pelos interesses econômicos e pelo mercado de consumo são descartadas. Ou melhor, não são publicadas.

Felizmente, por razões que fogem ao entendimento, algo sempre (ou quase sempre) escapa da normatização. Das Paredes, Meu Amor, os Escravos nos Contemplam, de Marcelo Ferroni, talvez possa ser considerado como uma espécie de curto-circuito no comportamento bem-educado (e sem identidade) que rege a produção brasileira contemporânea. Não é pouco, não é muito, mas parece ser suficiente para distingui-lo no mar de mesmices, embora não identifique o que realmente importa.

O título não é fácil de lembrar. Parece se referir a alguma citação latina, dessas que não interessam a ninguém, seja porque estão muito distantes no tempo, seja porque remetem a algum tipo de conhecimento que não mais faz parte do cotidiano do leitor. Enfim, o seu valor está em introduzir algum estranhamento no contexto.

Narração em primeira pessoa – com todas as complicações que isso acarreta. Aquele que controla o fluxo narrativo condiciona o texto ao seu ritmo e às questões que quer revelar. 

E isso leva ao primeiro ponto problemático: as primeiras páginas de Das Paredes, Meu Amor, os Escravos nos Contemplam caracterizam um romance morno, pretensamente moderno, sem grandes novidades, há tantos outros similares com esse andamento. A possibilidade de ser apenas uma comédia de costumes, adejando ao redor de corações fragilizados pela ausência de romantismo, não pode ser descartada.

Então, se o leitor considerar seriamente o enredo, repleto de descrições, esparramado pelas páginas do livro como instrumento da postergação narrativa, complicação que torna necessário ler páginas e mais páginas para obter alguma informação relevante, talvez haja algumas dificuldades na leitura. Os ansiosos provavelmente não gastarão o fôlego tentando entender a paixão amorosa que move Humberto Mariconda, o frustrado escritor que cumpre a dupla função de narrador e personagem.

Humberto está apaixonado por mulher de classe econômica vários níveis acima do dele. Como de praxe, a paixão não encontra correspondência. “Grudento”, ele aceita passar um final de semana na mansão da família de Júlia, na esperança de se reaproximar da moça. Peixe fora d’água, descobre que o esporte favorito dos ricos oscila entre brigar por dinheiro e humilhar os pobres – no caso, ele.



O segundo ponto problemático surge no início da segunda parte do texto, quando o leitor percebe, depois de 140 páginas, que está lendo um romance policial. O desaparecimento de Carla, que trabalha como restauradora da mansão centenária, parece não ter força suficiente para impulsionar o imobilismo geral. Somente quando o patriarca da família, Ricardo Damasceno, é assassinado em uma sala fechada, vedada aos outros hóspedes da mansão, é que surge alguma movimentação dramática. Qualquer lembrança com um daqueles enigmas literários que fazem as delícias dos admiradores de Agatha Christie não constitui mera coincidência.

A longa noite sem luz, os diálogos repletos de ameaças veladas, os cadáveres – essa é a melhor parte do romance. A ação narrativa se torna mais lúdica, mais próxima do entretenimento. Provavelmente, uma das causas desse relaxamento na tensão está na desconstrução dos gêneros literários, na permeabilidade das dinâmicas que instituem a trama narrativa. O inevitável desfecho e suas trapalhadas surge com o clarear do dia, com o fim do delírio e com o despertar da consciência – tudo volta ao normal, inclusive a carência afetiva de Humberto.

P.S: Particularmente irritante é a maneira com que o narrador nomeia dois dos personagens. Em alguns trechos Julia se transforma em “pequena” e Carlos é o “garoto”. Bobagem.