– Não é livre quem não tem suficiente
inteligência para haver ou defender a liberdade.
– A razão no homem é como a luz do
pirilampo: intermitente, pequena e irregular.
– A sabedoria é reputada geralmente
pobre, porque se não podem ver os seus tesouros.
– É mais seguro escrever do que falar.
Falando, improvisamos; para escrever, refletimos.
– Os sábios enganam-se pensando que são
compreendidos por todos, os ignorantes presumindo que todos ignoram o que eles
sabem.
– É fácil governar os homens pelo
terror; mas é difícil fazê-lo por muito tempo e impunemente.
– O princípio das democracias não é a
virtude, mas o ciúme ou a inveja: desejando cada um ser rei, todos se opõem e
não consentem que o haja.
– Quem atraiçoa o seu rei não é leal a
mais ninguém.
– Quando se faz da traição virtude, ela
vegeta em toda parte e sufoca a lealdade.
– Sucede nas revoluções como nas
loterias: a perda é de muitos, o ganho de poucos e, em geral, os mais indignos.
– Há verdades que é mais perigoso
publicar do que foi difícil descobrir.
– Nos partidos políticos a calunia é
moeda corrente que circula sem o menor escrúpulo nem reserva.
– Desprezamos ordinariamente as opiniões
alheias quando se não conformam com as nossas.
– Os nossos inimigos contribuem mais do
que se pensa para o nosso aperfeiçoamento moral. Eles são os historiadores de
nossos erros, vícios e imperfeições.
– O silêncio ainda que mudo é frequentes
vezes tão venal como a palavra.
– Vivemos como andamos, querendo guardar
equilíbrio e escorregando frequentes vezes.
– A maledicência pode muitas vezes
corrigir-nos, a lisonja quase sempre nos corrompe.
– A ignorância tem seus bens privativos,
como a sabedoria seus males peculiares.
– Quando a consciência nos acusa, o
interesse ordinariamente nos defende.
– Queixam-se muitos de pouco dinheiro,
outros de pouca fortuna, alguns de pouca memória, nenhum de pouco juízo.
– Há muita gente infeliz por não saber
tolerar com resignação a sua própria insignificância.
– Como a luz em uma masmorra faz visível
todo o seu horror, assim a sabedoria manifesta ao homem todos os defeitos e
imperfeições da sua natureza.
– O prazer da vingança é semelhante a
alguns frutos, cuja polpa é doce na superfície e azeda junto ao caroço.
– Os cortesões vivem sonhando e morrem
de pesadelos.
– Os benfeitores imprudentes fazem
beneficiados ingratos.
– A virtude remoça os velhos, o vício
envelhece os moços.
– Há homens que de repente crescem e
avultam, como os cogumelos, pela corrupção.
– A mocidade é temerária; presume muito
porque sabe pouco.
A Sagração de Dom Pedro II, óleo sobre tela de Araújo Porto-Alegre, 1840 |
– Em tese geral não há homem feliz sem
mérito, nem desgraçado sem culpa.
– Há mentiras que são enobrecidas e
autorizadas pela civilidade.
– Fingimos desprezar a morte para
ocultar o horror que ela nos causa.
– Poucas mulheres se reconhecem feias;
nenhum homem, tolo.
– As sociedades humanas deixam de
existir ou se dissolvem quando os vícios e crimes sobrepujam as virtudes.
– O amor, como o menino, começa
brincando e acaba chorando.
– Os velhacos têm por admiradores todos
os tolos, cujo número é infinito.
– O pobre lastima-se de querer e não
poder, o avarento se ufana de que pode – mas não quer.
– Ordinariamente tratamos com indiferença
aquelas pessoas de quem não esperamos bens nem receamos males.
– Os homens se disfarçam– como as
mulheres se enfeitam – para agradarem ou enganarem.
– Folgamos com os erros alheios como se
eles justificassem os nossos.
– Há certos passatempos e prazeres
ilícitos que censuramos nos outros, mais por inveja do que por virtude.
– O luxo, assim como o fogo, tanto
brilha quanto consome.
– Há homens que se tornam importunos,
desejando laboriosamente parecer corteses.
– Quase sempre atribuímos os nossos
revezes à fortuna e bem raras vezes aos nossos desacertos.
– Todos se queixam. Uns dos males que
padecem, outros da insuficiência, incerteza ou limitação dos bens de que gozam.
– Uma grande reputação é talvez mais
incômoda que a insignificância pessoal.
– Quando a fortuna nos maltrata,
recorremos à filosofia ou à religião para que nos console e conforte.
O Baile da Ilha Fiscal, óleo sobre tela de Francisco Figueiredo, 1905 |
– Há muita gente para quem o receio dos
males futuros é mais tormentoso que o sofrimento dos males presentes.
– Os empregos que por intrigas e facções
se alcançam, por facções e intrigas se perdem.
– Os maus queixam-se de todos, os bons
de poucos, os melhores de ninguém ou de si próprios.
– Agrada mais o nosso amor-próprio a
companhia que nos diverte que a sociedade que nos instrui.
– A ignorância nos empregados públicos é
talvez mais danosa do que a sua improbidade. Em um jardim causa menos
detrimento um ladrão do que um jumento.
– A nossa imaginação gera fantasmas que
nos espantam em toda a nossa vida.
– Quando não podemos gozar a satisfação
da vingança, perdoamos as ofensas para merecer ao menos os louvores da virtude.
– Não é raro aborrecermos aquelas mesmas
pessoas que mais admiramos.
– Ordinariamente nos fingimos distraídos
quando nos não convém parecer atentos.
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