Páginas

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

CINQUENTA E CINCO MÁXIMAS, PENSAMENTOS E REFLEXÕES DO MARQUÊS DE MARICÁ

– Há tolos malignos que fazem mais dano e males que velhacos consumados.

– Há muitos homens que, para escaparem de si mesmos, importunam aos outros com visitas.

– Somos muito generosos em oferecer por civilidade o que bem sabemos que por civilidade se não há de aceitar.

– A companhia dos livros dispensa com grande vantagem a dos homens.

– Não há inimigos desprezíveis, nem amigo totalmente inútil.

– A força sem inteligência é como o movimento sem direção.

– Somos benfazentes mais vezes por vaidade que por virtude.

– Os homens afetam desinteresse para melhor promoverem os seus interesses.

– Muitos homens são louvados porque são mal conhecidos.

– Uma grande qualidade ou talento desculpa pequenos defeitos.

– O interesse adota e defende opiniões que a consciência reprova.

– Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós mesmos: são os nossos erros, vícios e paixões.

– A vida humana seria incomportável sem as ilusões e prestígios que a circundam.

– O medo faz mais tiranos que a ambição.

Mariano José Pereira da Fonseca
(1773-1848), Marquês de Maricá
– Nada incomoda tanto aos homens maus como a luz, a consciência e a razão.

– A maior prova da insignificância ou santidade de um sujeito é não ter um só inimigo ou invejoso.

– Os patriotas dizem em voz alta que é doce morrer pela pátria, mas em segredo reconhecem que é mais doce viver para ela e à custa dela.

– Sempre haverá mais ignorantes que sabedores enquanto a ignorância for gratuita e a ciência dispendiosa.

– Os bens que a ambição promete são como os do amor, melhor imaginados do que conseguidos.

– Não é a fortuna, mas juízo somente, o que falta a muita gente.

– Querendo parecer originais, nos tornamos ridículos ou extravagantes.

– As opiniões de um século causam risos ou lástimas em outros séculos.

– Mudai um homem de classe, condição e circunstâncias, vós o vereis mudar imediatamente de opiniões e de costumes.

– A sinceridade é muitas vezes louvada, mas nunca invejada.

– Há crimes felizes que são reputados heroicos e gloriosos.

– Os homens mais respeitados não são sempre os mais respeitáveis.

– Os homens, por não desagradar aos maus de quem se temem, abandonam muitas vezes os bons a quem respeitam.

– Quando a cólera ou o amor nos visita, a razão se despede.

– O invejoso é tirano e verdugo de si próprio: ele sofre porque os outros gozam.

– O silencio é o melhor salvo-conduto da mais crassa ignorância, como da sabedoria mais profunda.

– Os bens que a virtude não dá ou não preserva são de pouca duração.

– Não é dado ao saber humano conhecer toda a extensão da sua ignorância.

– Ninguém mente tanto nem mais do que a História.

– A imaginação é o paraíso dos afortunados e o inferno dos desgraçados.

– É mais útil algumas vezes a extirpação de um erro que a descoberta de muitas verdades.

– O pródigo pode ser lastimado, mas o avarento é quase sempre aborrecido.

– Mudamos de paixões, mas não vivemos sem elas.

– A velhice reflexiva é um grande armazém de desenganos.

– Nas revoluções políticas, os povos ordinariamente mudam de senhores sem mudarem de condições.

– Os benefícios mal empregados se convertem em malefícios. 

– Os elogios de maior crédito são os que os nossos inimigos nos tributam.

– Os vícios nos velhos são inimigos acastelados que a morte pode somente expurgar.

– Fingimo-nos esquecidos quando nos não convém parecer lembrados.

– Queixam-se os ricos de poucos cômodos nas suas casas; nas dos pobres, ainda que pequenas, sempre sobeja muito espaço.

– Há muita gente que procura apadrinhar com a opinião pública as suas opiniões e disparates pessoais.

– Não se pode formar bom conceito de quem não tem boa opinião de pessoa alguma.

– Em certas circunstâncias o silêncio de poucos é culpa ou delito de muitos.  

– A riqueza dos tolos é o patrimônio dos velhacos.

– Dói mais ao nosso amor-próprio sermos desprezados, do que aborrecidos.

– Os velhos ruminam o pretérito, os moços antecipam e devoram o futuro.

– A ambição é um enredo que nos enreda por toda a vida.

– O órgão que mais abusamos na mocidade é ordinariamente a sede de nossos males na velhice.

– As virtudes são econômicas; mas os vícios, dispendiosos.

– A impunidade é segura, quando a cumplicidade é geral.


– Os maus não podem viver em solidão: têm medo e horror de si mesmos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário