– Há tolos malignos que fazem mais dano
e males que velhacos consumados.
– Há muitos homens que, para escaparem
de si mesmos, importunam aos outros com visitas.
– Somos muito generosos em oferecer por
civilidade o que bem sabemos que por civilidade se não há de aceitar.
– A companhia dos livros dispensa com
grande vantagem a dos homens.
– Não há inimigos desprezíveis, nem
amigo totalmente inútil.
– A força sem inteligência é como o
movimento sem direção.
– Somos benfazentes mais vezes por
vaidade que por virtude.
– Os homens afetam desinteresse para
melhor promoverem os seus interesses.
– Muitos homens são louvados porque são
mal conhecidos.
– Uma grande qualidade ou talento
desculpa pequenos defeitos.
– O interesse adota e defende opiniões
que a consciência reprova.
– Os nossos maiores inimigos existem
dentro de nós mesmos: são os nossos erros, vícios e paixões.
– A vida humana seria incomportável sem
as ilusões e prestígios que a circundam.
– O medo faz mais tiranos que a ambição.
Mariano José Pereira da Fonseca (1773-1848), Marquês de Maricá |
– Nada incomoda tanto aos homens maus
como a luz, a consciência e a razão.
– A maior prova da insignificância ou
santidade de um sujeito é não ter um só inimigo ou invejoso.
– Os patriotas dizem em voz alta que é
doce morrer pela pátria, mas em segredo reconhecem que é mais doce viver para
ela e à custa dela.
– Sempre haverá mais ignorantes que
sabedores enquanto a ignorância for gratuita e a ciência dispendiosa.
– Os bens que a ambição promete são como
os do amor, melhor imaginados do que conseguidos.
– Não é a fortuna, mas juízo somente, o
que falta a muita gente.
– Querendo parecer originais, nos
tornamos ridículos ou extravagantes.
– As opiniões de um século causam risos
ou lástimas em outros séculos.
– Mudai um homem de classe, condição e
circunstâncias, vós o vereis mudar imediatamente de opiniões e de costumes.
– A sinceridade é muitas vezes louvada,
mas nunca invejada.
– Há crimes felizes que são reputados
heroicos e gloriosos.
– Os homens mais respeitados não são
sempre os mais respeitáveis.
– Os homens, por não desagradar aos maus
de quem se temem, abandonam muitas vezes os bons a quem respeitam.
– Quando a cólera ou o amor nos visita,
a razão se despede.
– O invejoso é tirano e verdugo de si
próprio: ele sofre porque os outros gozam.
– O silencio é o melhor salvo-conduto da
mais crassa ignorância, como da sabedoria mais profunda.
– Os bens que a virtude não dá ou não
preserva são de pouca duração.
– Não é dado ao saber humano conhecer
toda a extensão da sua ignorância.
– Ninguém mente tanto nem mais do que a
História.
– A imaginação é o paraíso dos
afortunados e o inferno dos desgraçados.
– É mais útil algumas vezes a extirpação
de um erro que a descoberta de muitas verdades.
– O pródigo pode ser lastimado, mas o
avarento é quase sempre aborrecido.
– Mudamos de paixões, mas não vivemos
sem elas.
– A velhice reflexiva é um grande
armazém de desenganos.
– Nas revoluções políticas, os povos
ordinariamente mudam de senhores sem mudarem de condições.
– Os benefícios mal empregados se
convertem em malefícios.
– Os elogios de maior crédito são os que
os nossos inimigos nos tributam.
– Os vícios nos velhos são inimigos
acastelados que a morte pode somente expurgar.
– Fingimo-nos esquecidos quando nos não
convém parecer lembrados.
– Queixam-se os ricos de poucos cômodos
nas suas casas; nas dos pobres, ainda que pequenas, sempre sobeja muito espaço.
– Há muita gente que procura apadrinhar
com a opinião pública as suas opiniões e disparates pessoais.
– Não se pode formar bom conceito de
quem não tem boa opinião de pessoa alguma.
– Em certas circunstâncias o silêncio de
poucos é culpa ou delito de muitos.
– A riqueza dos tolos é o patrimônio dos
velhacos.
– Dói mais ao nosso amor-próprio sermos
desprezados, do que aborrecidos.
– Os velhos ruminam o pretérito, os
moços antecipam e devoram o futuro.
– A ambição é um enredo que nos enreda
por toda a vida.
– O órgão que mais abusamos na mocidade
é ordinariamente a sede de nossos males na velhice.
– As virtudes são econômicas; mas os
vícios, dispendiosos.
– A impunidade é segura, quando a
cumplicidade é geral.
– Os maus não podem viver em solidão:
têm medo e horror de si mesmos.
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