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domingo, 19 de junho de 2022

DUAS OU TRÊS OBSERVAÇÕES SOBRE O FRIO

 


O frio voltou a se fazer presente no Planalto Catarinense. Nos últimos dias, a temperatura oscilou em torno do 0° C. Isso fez com que algumas pessoas lembrassem que só é possível viver nessa terra se a pessoa for nativa (acostumada com o inverno desde o nascimento) ou cachorro lanudo. Um evidente exagero – considerando-se que o recorde mundial é de -89,2° C, verificado na estação científica Vostok, na Antártida (Polo Sul), em 21 de julho de 1983. Mas, para quem acha isso um absurdo, convém lembrar que na região de Pamir (entre 3.000 e 5.000 metros acima do nível do mar), chamada de o teto do mundo, no Tadjiquistão, -50° C é considerado como normal. No mesmo ritmo, talvez se possa dizer que é possível ter verão na Sibéria (Rússia), que apresenta média anual de -40° C.

Tudo bem, os habitantes da região sul do Brasil não desejam participar desse tipo de competição. Também não querem dividir o espaço com pinguins (de geladeira ou não) e ursos polares (que, espertamente, vivem no Círculo Polar Ártico, ou seja, no Polo Norte, onde as oscilações glaciais são menos rigorosas). Nem mesmo querem ser parentes dos esquimós (esse povo que se adaptou ao gelo e que possui várias palavras para descrever a neve e o frio).

Para enfrentar a ausência de calor na região Sul, muito ainda há que se fazer. Poucas residências possuem calefação adequada. Lareiras se tornaram um luxo que somente os ricos podem ostentar. Para os moradores das casas de madeira (e eles são muitos), na lista dos velhos hábitos, ainda resistem o velho e indispensável fogão de lenha e o aquecimento produzido por uma bacia com brasas de carvão (e gás carbônico). Contrários a esses procederes, os ecologistas reclamam e enchem o mundo com discursos que exigem mudanças. Ou seja, que é necessário, para preservar a saúde do planeta, restringir o uso dos combustíveis fósseis. O desagradável é que são raras as alternativas que se apresentam para melhorar a qualidade de vida de quem precisa enfrentar as intempéries.

Enquanto o  futuro não se aproxima e o passado vive a assombrar, todos continuam procurando resistir aos fenômenos climáticos (frio, geada, neve e chuva); ou seja, muitas pessoas passam o dia inlhadas em cobertores, tentando não ficar encarangadas. Ampliando as estratégias de resistência, os habitantes das áreas rurais não dispensam os pelegos, as cobertas de lã de ovelha (ou de pena) e os palas (ponchos).

Café, chocolate quente e bebidas alcoólicas também fazem parte da brincadeira. Um pouco de suco de rubiácea (como diz um amigo) ou um martelinho de pinga fazem um bem danado. Mas, os aditivos podem ser de outra ordem, dependendo do gosto e do poder aquisitivo de quem está precisando de aquecimento.

Infelizmente, os moradores de rua não dispõem de algumas das formas de proteção que são usuais nas outras camadas da população. A exceção é o uso constante de elixires etílicos – principalmente os de alta octanagem.  

Complementando o júbilo contagiante, existe a gripe. As doenças respiratórias também se fazem presentes – principalmente nas crianças. Talvez esteja ai parte da explicação para a existência de centenas de farmácias na região. Talvez a explicação seja outra. Mistérios.

Sobre os perigos causados pela união entre as baixas temperaturas e o Covid-19, pouco há que se dizer exceto que a pandemia não acabou e que é necessário tomar cuidado – se não se quiser agravar a crise sanitária e humanitária. A vida não vale uma bravata. Vacinas contra a gripe e o Coronavírus são indispensáveis para seguirmos em frente – vivos e alegres. 


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