Um arqueólogo preso no elevador junto com outra pessoa (inominada). Enquanto não chega o socorro, eles conversam sobre a formação histórica da Grécia. Usando parâmetros e conceitos didáticos, o narrador parece estar em sala de aula. De certa forma, é isso o que acontece – em forma de texto literário. O aluno é o leitor.
Partindo dos primórdios da civilização europeia e percorrendo, com certa rapidez, toda a formação da identidade grega até o momento em que ocorreu o esfacelamento do Império Romano, o livro fornece um panorama objetivo de uma das regiões míticas da humanidade. Essa exposição, que tem a sua estrutura sustentada no diálogo, usa a arqueologia como farol do esclarecimento.
A ideia de que o arqueólogo é aquela pessoa que fica escovando algum fóssil com paciência e afeto está muito longe de caracterizar o exercício profissional. Henry Walton Jones Júnior (mais conhecido como Indiana Jones), que percorre o mundo protagonizando aventuras mirabolantes, também não é modelo. O exercício profissional não é tão pacato, nem tão agitado – embora encerre algumas dificuldades: desmoronamentos, doenças raras (causadas por fungos, por exemplo), frustrações e falta de financiamento para pesquisa científica.
Como toda profissão, a arqueologia tem características singulares, mas ela não existiria se não contasse com o auxílio das ciências sociais (geografia, história, sociologia, antropologia, etc.). Com a ajuda desse conjunto de referências, a análise do material encontrado em determinadas áreas possibilita a identificação (muitas vezes, parcial) histórica do material encontrado em escavações ou em áreas de pesquisa.
Vasos de cerâmica, joias, armas, móveis, construções em ruinas – todos esses objetos se comunicam com o presente e, de certa forma, querem diminuir as distâncias temporais que o tempo soterrou através de sedimentos irregulares (“estratos”), erupções vulcânicas ou a violência que acompanha as guerras. Estejam enterradas ou escondidas, essas peças (orgânicas e inorgânicas) constituem informações valiosas sobre o passado e precisam ser interpretadas como documentos de uma época, como registros de um tempo distante – mas que está dialogando, de forma incessante, com o presente.
Sem
insistir no triunfalismo bélico (que é uma das formas de contar a História), o
arqueólogo Theodōros Papakōstas, em Toda a Grécia antiga em um papo de
elevador, abre uma janela para uma nova compreensão das civilizações que
existiram na península helênica. Essa aproximação indica uma posição pouco
divulgada: o passado não está esperando por descobertas “acidentais”. Ou seja,
a arqueologia é uma disciplina que está em constante confronto com o passado e
com a história – e quer acrescentar novas camadas ao conhecimento.
A
história da Grécia antiga, que reuniu personagens significativos como Homero,
Ameinocles, Sócrates, Platão, Aristóteles, Xenofonte, Sólon, Temistócles, Clístenes,
Ésquilo, Sófocles, Eurípides, Alexandre III, entre outros, constitui um dos
pontos primordiais da civilização ocidental. Enquanto tribos bárbaras
devastavam o norte e o centro da Europa, o mundo helênico respirava a
democracia e resistia – heroicamente – às muitas tentativas de invasão ou anexação
aos impérios que estavam se formando (ou se desintegrando) no continente e nas
regiões que circundam o mar Mediterrâneo.
Theodōros Papakōstas |
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