Névio Fernandes, o decano do jornalismo lageano, faleceu
na manhã de 22 de julho, aos 87 anos. Homem calmo, gentil, sempre
disposto a fornecer uma palavra de alento e esperança aos que necessitavam,
iniciou no jornalismo aos 13 anos de idade, quando fundou A Cidade,
jornal que era escrito à mão e distribuído aos amigos. Algum tempo depois,
começou a colaborar com os jornais Guia Serrano e Região
Serrana – o que lhe garantiu o reconhecimento como profissional
exemplar.
Em 1956, a convite do empresário José Paschoal Baggio,
integrou a equipe jornalística do Correio Lageano, onde, por 39
anos, foi editor-chefe. Nesse período, publicou quase dez mil artigos sobre a
história e a cultura do Planalto Catarinense.
Através de suas crônicas e textos jornalísticos, Névio
Fernandes foi presença diária na vida da população lageana. Testemunha viva da
história do Planalto Catarinense acompanhou alguns dos mais importantes eventos
da política regional nas últimas décadas. Também foi capaz de entender o
impacto e os desdobramentos desses fatos entre os habitantes de
Lages.
Seus textos, escritos em estilo direto, sem dar espaço
aos apostos e às explicações acessórias, primam pela objetividade, pela análise
criteriosa e imparcial. Partindo dos acontecimentos cotidianos, mas de
incontestável relevância, com rara habilidade, estabeleceu um
quadro lírico, impregnado de poesia e sabor narrativo.
Ao lado da obra de Walter Dachs, Névio Fernandes forneceu
substância ao que há de mais significativo no registro historiográfico da
Região Serrana. Ao resgatar acontecimentos que poderiam passar despercebidos,
provou que é possível estabelecer significado e consistência ao que é invisível
aos olhos.
Em paralelo, mas de forma complementar, durante nove anos
presidiu a Associação Lageana dos Escritores (ALE), período em que
solidificou a instituição e deu-lhe uma identidade. A edição de livros, a busca
por patrocínios, as conversas de incentivo aos jovens, o imenso carinho pelo
fazer literário – são essas qualidades que ficarão na memória daqueles que
tiveram o prazer de desfrutar de sua companhia.
Sit tibi terra levis, Névio Fernandes (1934 - 2021).
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