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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

NÓS

 



(não foi assim, mas poderia ter sido)

– Alô!

– Oi?

– Estou com saudades!

– Você está precisando de alguma coisa?

– Preciso.

– O quê?

– Faz quase quinze dias que não tenho notícias tuas. Quero te ver.

– Ih! Já vai começar a novela!

– Que novela?

– Ora, a de sempre! Estou com saudades e todas essas frescuras.

– E isso é crime, por acaso?

– Não sei, não sou advogado.

– Então, tá. Não posso ter saudades, é isso?

– Sei lá...

– Sabe, sim. No tempo em que eu atravessava Santa Catarina e o Rio Grande do Sul inteiro para te ver, você não reclamava do meu afeto.

– Viu, puro drama! Uma hora finge que não têm sentimentos, na outra vira essa manteiga derretida, só falta pedir abraços e beijos. Por um acaso, você já ouviu falar em Covid-19 e distanciamento social?

– Você não pode dizer essas coisas para mim!

– Posso sim, queridão! Foi você que me ensinou que é melhor ser sincero do que hipócrita.

– Era só o que me faltava,... Usar um argumento desses quando estou carente é golpe baixo! E outra coisa, eu sempre fui afetuoso... 

– (...)

– Com você!

– Ah!

– Tá bom, vamos mudar de assunto. Estou com saudades!

– &%&***

– Olha a educação!

– Vamos tomar café no meio da tarde. Pode ser?

– Se não for muito incomodo...

– Quer que leve alguma coisa?

– Sim, que você leve a saudade embora!

– &%&***

– Adoro esses momentos de ternurinha explícita! Vou ficar te esperando!

– Tchau, chato!

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