(não foi assim, mas poderia ter sido)
– Alô!
– Oi?
– Estou com saudades!
– Você está precisando de alguma coisa?
– Preciso.
– O quê?
– Faz quase quinze dias que não tenho notícias tuas. Quero te ver.
– Ih! Já vai começar a novela!
– Que novela?
– Ora, a de sempre! Estou com saudades e todas essas frescuras.
– E isso é crime, por acaso?
– Não sei, não sou advogado.
– Então, tá. Não posso ter saudades, é isso?
– Sei lá...
– Sabe, sim. No tempo em que eu atravessava Santa Catarina e o Rio Grande do Sul inteiro para te ver, você não reclamava do meu afeto.
– Viu, puro drama! Uma hora finge que não têm sentimentos, na outra vira essa manteiga derretida, só falta pedir abraços e beijos. Por um acaso, você já ouviu falar em Covid-19 e distanciamento social?
– Você não pode dizer essas coisas para mim!
– Posso sim, queridão! Foi você que me ensinou que é melhor ser sincero do que hipócrita.
– Era só o que me faltava,... Usar um argumento desses quando estou carente é golpe baixo! E outra coisa, eu sempre fui afetuoso...
– (...)
– Com você!
– Ah!
– Tá bom, vamos mudar de assunto. Estou com saudades!
– &%&***
– Olha a educação!
– Vamos tomar café no meio da tarde. Pode ser?
– Se não for muito incomodo...
– Quer que leve alguma coisa?
– Sim, que você leve a saudade embora!
– &%&***
– Adoro esses momentos de ternurinha explícita! Vou ficar te esperando!
– Tchau, chato!
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