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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

E A COBRA FUMOU!

 

Foto de arquivo

O sangue lageano foi derramado em terras italianas. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), alguns integrantes do 2º Batalhão Rodoviário, sediado em Lages, fizeram parte do contingente brasileiro na luta contra a Alemanha nazista e a Itália fascista.

 

Depois de alguma hesitação do governo brasileiro, que demonstrava simpatia pelos governos autoritários que estavam transformando a Europa em um imenso campo de batalha, a situação se modificou. Entre os dias 05 e 17 de agosto de 1942, seis navios mercantes foram afundados por submarinos alemães. A morte de 600 pessoas em alto-mar comoveu o Brasil. O presidente Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954), um pouco a contragosto, e pressionado pelo governo de Estados Unidos, declarou guerra à Alemanha em agosto de 1942.


Os 25 mil soldados (de um total previsto de 100 mil homens), que constituíram a Força Expedicionária Brasileira (FEB), criada em 13 de novembro de 1943, foram comandados pelo General João Batista Mascarenhas de Morais (1883-1968). Treinada e equipada pelo exército estadunidente, a FEB somente entrou em combate em julho de 1944. Em um dos piores invernos do século XX, com uniformes inadequados para as baixas temperaturas, os brasileiros participaram de importantes batalhas na península italiana (Monte Castelo, Montese e Castel Nuovo, além de diversas escaramuças). Salvo engano, 462 soldados da FEB morreram em combate. Possivelmente, todos foram sepultados no cemitério militar de Pistóia (comuna da região da Toscana).


Em 1960, o governo brasileiro decidiu repatriar os restos mortais dos “pracinhas”. Com exceção de um soldado que não foi identificado (e ficou enterrado em Pistóia, no monumento construído em homenagem aos brasileiros que combateram na Itália), todos os demais corpos estão depositados no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, localizado no Parque Eduardo Gomes, no bairro do Flamengo, Rio de Janeiro.


Foram 36 soldados do 2° Batalhão Rodoviário que combateram na Itália. Infelizmente, nove não regressaram: Oswaldino M. Rocha (2° sargento), Luiz Ribeiro Pires (3° sargento), Harry Hadlick (cabo), Manoel de Souza (soldado), José Garcia Lopes Filho (soldado), Octacílio de Souza (soldado), Joaquim Pires Lobo (soldado), José Januário da Costa (soldado) e Waldemar M. dos Santos (soldado).


Em Estórias de Minha Cidade (Lages: Gráfica Wilson, 1978), Edézio Nery Caon (1921-2008), ao fazer algumas considerações sobre a participação dos lageanos na II Guerra Mundial, diverge da relação publicada em O Continente das Lagens (Lages: Graphel/Eirali, 2021. 2ª ed.), de Licurgo Ramos da Costa (1904-2002). Provavelmente, os soldados (profissionais ou voluntários) citados por Caon serviram em diferentes unidades do exército. Entre outros nomes, menciona Edmundo Soldatelli, que voltou ferido e faleceu algum tempo depois.


PS 1) Há uma placa em homenagem aos soldados que perderam a vida na campanha da Itália no quartel do 1º Batalhão Ferroviário (que, em 1970, substituiu o 2º Batalhão Rodoviário – que, por sua vez, se transformou no 8º Batalhão de Engenharia de Construção, com sede em Santarém, no Pará).


PS 2) A expressão a cobra vai fumar, muito usada na primeira metade do século XX, significa algo difícil de realizar e que pode resultar em graves consequências. O equivalente contemporâneo é o bicho vai pegar. Nos anos iniciais da II Guerra Mundial, alguns jornalistas escreveram que É mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra. Talvez tenha sido essa brincadeira que incentivou o uso da expressão A cobra vai fumar pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) – seu símbolo era uma cobra verde fumando cachimbo.



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