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sábado, 31 de dezembro de 2022

ANO NOVO, VIDA NOVA?

 


Dezembro chegou ao fim. Em alguns momentos o ano passou rápido; em outros,... era mais fácil chegar 2500 do que chegar o momento de decidir o que deveria ser decidido. Foi um ano atípico, repleto de alternativas. Eleições, Copa do Mundo, questões pessoais, a perda de alguns amigos, parentes e conhecidos, a vida (ou a morte) reclamando o que lhe cabe por direito ou por atos de violência. 

 

A primavera se despediu do Hemisfério Sul no dia 21 de dezembro, às 18h48min. Ficaram para trás as noites mais longas, mais frias, mais chuvosas, mais tristes. Parecia haver algum tipo de cansaço na natureza, tantas são as agressões diárias contra o meio ambiente. Com o verão existe a promessa de tudo mudar. Mudará? A esperança é a última que morre – dizem. Teremos sol, corpos desnudos e um novo governo. Não sei se os moradores do Planalto Catarinense estão preparados para essa explosão de cores, sabores e calor, muito calor. Por algum motivo que foge da compreensão universal o povo que habita a região prefere as baixas temperaturas.  

 

Argentina e França fizeram uma final de infarto na última partida da Copa do Mundo de Futebol. A vitória de los hermanos quase encenou uma tragédia grega, tantas foram as emoções e as possibilidades desperdiçadas pelas duas equipes. A voz de Carlos Gardel parecia entoar que por una cabeza, todas las locuras seriam possíveis. Felizmente, na batalha entre o croissant e a medialuna, os deuses do ludopédio decidiram que um tango argentino (...) vai bem melhor que um blues (como cantava Belchior, em trocadilho polissêmico).

 

No plano regional o necrológio foi extenso: Luís Alfredo Ribeiro, José Atanásio Borges Pinto, Scheila Ramos Bleyer, Francisco Darci Fernandes, Ademir Bratti, entre outros, abriram lacunas emocionais que só serão preenchidas esporadicamente, quando nos lembrarmos de algumas das histórias (cômicas, trágicas, comoventes) que eles protagonizaram serra ‘cima. Lages ficou um pouco mais pobre com essas ausências.


 

Nos últimos minutos da prorrogação, o planeta foi abalado por duas mortes de significativa importância: Edson Arantes do Nascimento (dia 29) e Joseph Aloisius Ratzinger (dia 31). Pelé e o Papa Bento XVI, cada um de maneira muito particular, instituíram o sagrado como alicerce do existir. Alguns hereges (leia-se, jornalistas esportivos) costumam comparar os estádios de futebol com catedrais, com templos em que cada gol fornece contornos à fé, ao reverenciar Deus. Descontado o exagero, e algumas características pessoais dos que nos deixaram, pode-se dizer que, em suas respectivas modalidades esportivas, o mundo perdeu dois craques. Outro falecimento relevante: a escritora Nélida Cuiñas Piñón, no dia 17.           

 

O show tem que continuar. É o que apregoam os cínicos. O réveillon está batendo na porta. A celebração, que mistura louças, talheres, comidas e sentimentos, acena para duas coisas: que o peru vai pagar o pato e que o novo, o novo sempre vem (Belchior, outra vez). Ao longe, os pessimistas (aqueles que gostam de estragar a festa alheia) lembrarão (entre uma taça e outra de espumante, entre um canapé e uma colher de lentilha), que as mudanças são constantes, mas que, ao mínimo descuido, o futuro ambiciona retomar o passado. Todo cuidado é pouco. 

 

Então,... Seja bem-vindo 2023!


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