Algumas lendas relativamente comuns na região sul do Brasil referem-se a possíveis tesouros enterrados – ou seja, grandes quantidades de ouro e prata que, por alguma razão, estão perdidas. Nos séculos XVII e XVIII, quando a corrida latino-americana do ouro e da prata estava no auge, quando se acreditava na existência de El Dorado, eram frequentes os conflitos armados entre os portugueses e os castelhanos. O transporte de valores era complicado (envolvia mulas de carga e grupos de escolta). Em caso de ataque inimigo era necessário esconder os bens por algum tempo. A esperança de voltar para recuperá-los alguns dias depois nem sempre se realizava. Então, supõe-se que muitas riquezas ficaram ocultas em algum lugar não identificado por centenas de anos.
Com a expansão urbana das cidades (loteamentos) em áreas que até então somente eram acessíveis para gado e animais selvagens, algumas pessoas, movidas pelas histórias que foram transmitidas de uma geração para outra, começaram a procurar por esses esconderijos. Salvo engano, ninguém encontrou a fortuna.
Mas, a imaginação nunca descansa e existem na região do município de Lages, no mínimo, três ocasiões em que a crença popular projetou a possibilidade de alguém ficar rico com alguns desses objetos. Em duas dessas circunstâncias as narrativas populares afirmam que foram encontradas na periferia da cidade algumas panelas ou baús cheios de ouro. Infelizmente não é possível comprovar a veracidade desses episódios.
O tesouro mais famoso da região dizem que está escondido no Morro do Juca Prudente. A história oral sustenta que, em algum momento, na segunda metade do século XVIII, um grupo de jesuítas estava sendo perseguido por criminosos. Expulsos da região de Sete Povos das Missões, os religiosos provavelmente se dirigiam para o litoral do Oceano Atlântico. Nas proximidades do Morro, sentindo que os inimigos estavam próximos, e impossibilitados de oferecer um mínimo de resistência, resolveram colocar em segurança parte da carga que levavam. Moedas de ouro, castiçais cravejados com pedras preciosas, aspersórios de prata, além de outras peças, foram depositados em um lugar secreto. Por algum motivo (talvez tenham sido mortos), nunca voltaram para resgatar os objetos.
Alguns moradores das proximidades do Morro acreditam que as bolas de fogo que surgem no meio do campo, no período da noite, são manifestações dos espíritos errantes (fantasmas) que estão protegendo o tesouro e impedindo-o de cair em mãos erradas. Para os céticos, trata-se, provavelmente, de fogo-fátuo (combustão de gases provenientes da decomposição de matéria orgânica). Seja uma coisa ou outra, o fato concreto é que o mistério continua sem solução.
Como
essas histórias, por enquanto, só se sustentarem como lendas, os caçadores de tesouros
continuam vasculhando o território do município. E pouco importa se essas riquezas
nunca existiram. Munidos de detectores de metal e mapas antigos, ambicionam
encontrar o Santo Graal – ou o seu equivalente.
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