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terça-feira, 12 de julho de 2011

LEITURAS

No entender de alguns teóricos, os recursos multimídias (televisão, cinema, internet) estão devorando os últimos leitores e decretando a morte do livro.

Teria esse raciocínio algum fundamento? Sim e não.

Obviamente, o mundo está em transformação e poucos conseguem, por exemplo, ter tempo e paciência para ler um romance como A montanha mágica, de Thomas Mann (801 páginas, letra pequena). Tempo é dinheiro, proclamam os proprietários da casa grande e senzala em que vivemos. E isso significa que, na modernidade, tudo é rápido, fugaz, embriagador. A velocidade determina as prioridades e a moda (que está em constante mutação, glorificando o descartável).

Na contracorrente desse pensamento, o leitor não é um "animal em extinção" Basta ver a opinião de alguns especialistas no tema: Umberto Eco e Jean−Claude Carrière (Não contem com o fim do livro. Editora Record, 2010) ou Robert Darnton (A questão dos livros. Companhia das Letras, 2010).

Mas, não é somente isso. Ler é uma atividade relacionada com o conceito de inclusão. Ou seja, ler é estar inserido no mundo. Assistir um filme é também uma forma de leitura. Da mesma forma, é possível "ler" um mapa ou o destino (nas linhas da palma da mão), o clima (os meteorologistas) ou as doenças (os médicos). Tudo na vida é leitura.

Ler é uma forma de investimento. Só se adquire informações através da leitura. E o nosso futuro está intimamente relacionado com o conhecimento e a forma como aplicamos esse saber no universo em que nos movimentamos.

A leitura abre a mente do leitor para outro mundo, para a diversidade intelectual. E isso se aplica inclusive às revistas "culturais" (aquelas que mostram "artisticamente" o corpo de algumas alpinistas sociais) ou ao gibi do filho.

Exceto nos regimes fascistas, não há lugar onde a leitura seja proibida: no banheiro, na fila do banco, no ônibus. Em qualquer tempo e lugar a leitura é um prazer.

Resumo da ópera: não é a modernidade que nos afasta da leitura. O progresso está fornecendo outras linguagens, outras formas de interpretar as transformações que estão sendo processadas diariamente. O que o homem moderno precisa é aprender a "ler". Só assim, quando descobrir esses novos códigos de comunicação, é que conseguirá interpretar o que está acontecendo ao seu redor.

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