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quarta-feira, 13 de abril de 2011

ENTREVISTA

− O senhor poderia estar nos dizendo o seu nome?

− Tranquilo.

− Tranquilo? Ah, sei... O senhor está tranquilo, não é? Tudo bem. Não estar nervoso é um passo na direção correta. Aliás, essa é uma das principais normas da nossa empresa. Somos todos tranquilos. Mas, por favor, qual é o seu nome?

− Tranquilo.

− O senhor está fazendo algum tipo de brincadeira?

− Não! O meu nome é Tranquilo. Tranquilo Alves da Silva.

− Tranquilo Alves da Silva?

− Sim, exatamente.

− Quem diria, hein? Então tá, vamos prosseguir: o senhor poderia estar disponibilizando a sua documentação para nós, senhor Sereno?

− Tranquilo.

− Sim, eu sei que o senhor está tranquilo...

− Não! Eu não estou tranquilo. Eu sou o Tranquilo!

− Fique calmo! Não há motivo para tanta exaltação!

− O meu nome é Tranquilo. Preste atenção: Tranquilo. Se a senhora me chamar, mais uma vez, de Sereno ou Calmo, "vou estar perdendo a tranquilidade", entendeu?

− Claro, seu Pacífico!

− Tranquilo!

− Tranquilo? Ah, sim! Desculpe.

− Tudo bem.

− Pois, seu Descansado...

− Minha senhora!

− Sua?

− Epa!

− Eu estar equivocada em relação ao seu nome não é justificativa para autorizar intimidades.

− Desculpe?

− Não desculpo coisa nenhuma! E, por favor, fique tranquilo!

− Eu sou o Tranquilo!!

− Vamos esquecer isso. Por favor, os seus documentos, seu Paciente.

− Paciente? Sei... A senhora é que tem tudo para ser paciente e no hospital! O meu nome é Tranquilo.

− Tranquilo? Pelas suas reações, não seria um exagero lhe chamar de Turbulento!

− Engano seu. Eu sou "o" Tranquilo!!!

− Não precisa gritar!

− Eu gritei?

− Sim.

− Desculpe.

− Vamos nos acalmar. Nós dois. Ouviu, seu Sossegado?

− Sossegado é a vovozinha! Eu sou o Tranquilo.

− Não! O senhor é um sem−educação, grita demais, não tem humor e está me deixando irritada!

− Tudo isso?

− E mais um pouco.

− A senhora me permite uma observação?

− O quê?

− A senhora é bonita. Muito bonita. Agora, quando perdeu a paciência, percebi isso. E fiquei impressionado.

− O quê?

− Sei que isso pode parecer uma quebra das regras sociais, nós dois quase não nos conhecemos, mas não "poderíamos estar" continuando essa conversa em outro lugar?

− Agora quem vai perder a tranquilidade sou eu, seu desequilibrado!

− Calma, eu pago o jantar!

− Paga?

− Faço questão. Posso passar aqui, no final do expediente? Prometo que estarei muito mais tranquilo. E, se Deus quiser, até o final da noite, a senhora também!

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