− O senhor poderia estar nos dizendo o seu nome?
− Tranquilo.
− Tranquilo? Ah, sei... O senhor está tranquilo, não é? Tudo bem. Não estar nervoso é um passo na direção correta. Aliás, essa é uma das principais normas da nossa empresa. Somos todos tranquilos. Mas, por favor, qual é o seu nome?
− Tranquilo.
− O senhor está fazendo algum tipo de brincadeira?
− Não! O meu nome é Tranquilo. Tranquilo Alves da Silva.
− Tranquilo Alves da Silva?
− Sim, exatamente.
− Quem diria, hein? Então tá, vamos prosseguir: o senhor poderia estar disponibilizando a sua documentação para nós, senhor Sereno?
− Tranquilo.
− Sim, eu sei que o senhor está tranquilo...
− Não! Eu não estou tranquilo. Eu sou o Tranquilo!
− Fique calmo! Não há motivo para tanta exaltação!
− O meu nome é Tranquilo. Preste atenção: Tranquilo. Se a senhora me chamar, mais uma vez, de Sereno ou Calmo, "vou estar perdendo a tranquilidade", entendeu?
− Claro, seu Pacífico!
− Tranquilo!
− Tranquilo? Ah, sim! Desculpe.
− Tudo bem.
− Pois, seu Descansado...
− Minha senhora!
− Sua?
− Epa!
− Eu estar equivocada em relação ao seu nome não é justificativa para autorizar intimidades.
− Desculpe?
− Não desculpo coisa nenhuma! E, por favor, fique tranquilo!
− Eu sou o Tranquilo!!
− Vamos esquecer isso. Por favor, os seus documentos, seu Paciente.
− Paciente? Sei... A senhora é que tem tudo para ser paciente e no hospital! O meu nome é Tranquilo.
− Tranquilo? Pelas suas reações, não seria um exagero lhe chamar de Turbulento!
− Engano seu. Eu sou "o" Tranquilo!!!
− Não precisa gritar!
− Eu gritei?
− Sim.
− Desculpe.
− Vamos nos acalmar. Nós dois. Ouviu, seu Sossegado?
− Sossegado é a vovozinha! Eu sou o Tranquilo.
− Não! O senhor é um sem−educação, grita demais, não tem humor e está me deixando irritada!
− Tudo isso?
− E mais um pouco.
− A senhora me permite uma observação?
− O quê?
− A senhora é bonita. Muito bonita. Agora, quando perdeu a paciência, percebi isso. E fiquei impressionado.
− O quê?
− Sei que isso pode parecer uma quebra das regras sociais, nós dois quase não nos conhecemos, mas não "poderíamos estar" continuando essa conversa em outro lugar?
− Agora quem vai perder a tranquilidade sou eu, seu desequilibrado!
− Calma, eu pago o jantar!
− Paga?
− Faço questão. Posso passar aqui, no final do expediente? Prometo que estarei muito mais tranquilo. E, se Deus quiser, até o final da noite, a senhora também!
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