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quarta-feira, 2 de março de 2011

MANHÃ DE DOMINGO


Erro de cartório ou desacerto da vida. Difícil de precisar. Melhor seria ficar em casa, assistindo futebol ou fazendo palavras-cruzadas. Loucuras farejam tempestades.

Quem é que algum dia ouviu falar de um homem chamado Sábado? Probabilidade pequena. Muitas vezes as surpresas se escondem nos arquivos da polícia. Uma ficha perdida na gaveta próxima da janela. Um nome. Nome raro, provavelmente único. Histórias complicadas, mistérios de Ellery Queen, rastros humanos.

Por isso mesmo é que alguma coisa estava fora do lugar, naquele lugar.

A porta aberta do viatura policial. Do lado direito do motorista, o terreno baldio. A fumaça do cigarro interrogou a esquina onde foi encontrado o corpo e suas tatuagens. Nas costas. Buracos de bala. Rosas sangrentas.

Os pobres moram no subúrbio. Sem exceções. No subúrbio, Sábado não foi feliz. Em outros lugares também não teve sonhos tranquilos. Na calçada, o sangue coagulado, geometria improvável, quase uma galeria de arte.

Morte ao entardecer, foram as palavras aflitas do radialista, em transmissão especial, direto do local onde foi encontrado o cadáver.

Final de manhã, no domingo. Sol forte. Poucas nuvens. Uma brisa fraca. Melhor esperar pelo amanhã, dormindo.



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