Ruas são rios – escorrendo pelo corpo da cidade. Ruas são rios – escondendo o corpo da cidade. Ruas são movimentos, barulhos, contrastes, cigarro, memórias, trabalho, medos, cerveja, pacotes, café, enganos, automóveis, música. Ruas são portas e janelas e cortinas. Ruas são formas de encobrir a cartografia da solidão e do desejo. Ruas são a escrita e a leitura, o sextante e a bússola, o leme e o velame, a água e o naufrágio. Ruas são lojas e olhares. Ruas são ofertas e apetites vendidos em suaves prestações mensais. Ruas são uma forma de brincar com mistérios insolúveis. Ruas são mil e uma aventuras (abismo e paraíso). Ruas são mulheres, dessas que prometem o céu e o inferno, dessas que cumprem o que prometem. Ruas são ilusões (alusões) urbanas. Ruas são os homens angustiados que procuram a felicidade e vivem com medo de encontrá-la. Ruas são rapsódias de amor, encantos reproduzidos na novela das sete. Ruas são equações algébricas, o som de passos, um ir e vir sem fim. Ruas são as astronômicas previsões astrológicas e o barulho da chuva. Ruas são vitrines, beijos de namorados, cartazes de cinema, latas de lixo. Ruas são ritmos, ritos, gritos, corpos, gargantas, línguas, dentes, silêncio. Ruas, minhas e tuas.
Perfeito, Raul!
ResponderExcluirReflexivo e criativo.
Adorei!